Testículos retrateis

Habitualmente, no momento do nascimento, os testículos já estão na bolsa escrotal. Em alguns casos, como nos bebês prematuros, isso pode demorar até os 6 meses para ocorrer. A partir dessa idade, caso os testículos ainda não estejam na bolsa, é necessária a realização de cirurgia para colocá-los no local, a orquidopexia. Esse procedimento deve ser realizado para que o testículo se desenvolva e para diminuir a chance de neoplasia nos mesmos.

Existem algumas situações em que o testículo que já estava na bolsa passa a não ficar constantemente nessa posição. Os pais costumam dizer que um ou mesmo os dois testículos, às vezes, “sobem”. A “subida” esporádica dos testículos é um fato normal que ocorre por contração da musculatura da região inguino-escrotal, o chamado reflexo clemastérico, desencadeada por fatores como frio, cócegas, choro ou por receio da criança ao ser examinada.

Caso os pais afirmem que, na maior parte do tempo, o testículo fica na bolsa, podemos dizer que o mesmo é retrátil e que, com o crescimento da criança, essa situação, provavelmente , se resolverá sem a necessidade de qualquer tipo de tratamento. Entretanto, a maioria dos pais têm dificuldade em verificar a posição correta dos testículos principalmente nos meninos com  bolsa escrotal menos desenvolvida, nos quais a visualização apenas não é suficiente para essa avaliação. É necessário que os pais palpem os testículos na bolsa, mas o receio de causar dor e a falta de cooperação das crianças tornam essa tarefa difícil. 

Por esses motivos, o diagnóstico do testículo retrátil baseia-se principalmente no exame físico realizado pelo médico. Um ou os dois testículos podem inicialmente estarem palpáveis na região inguinal, mas deve ser possível posicioná-los na bolsa sem dificuldade, sendo que os mesmos devem permanecer aí por algum tempo.

É necessário manter o seguimento dessas crianças até a adolescência porque, em cerca de 30% dos casos, será necessária a realização de cirurgia para fixar o testículo na bolsa. Ou porque o testículo passa a se localizar constantemente na região inguinal ou porque percebermos uma diminuição no crescimento do mesmo.

Espero que essas informações sejam úteis, caso exista alguma dúvida, deixe sua pergunta e tentarei responde-la da melhor maneira possível. 

Referência 

1. Do retractile testes have anatomical anomalies? DOI: 10.1590/S1677-5538.IBJU.2015.0538

Sinus Coccígeo

Cerca de 3% dos recém-nascidos apresentam um orifício na região sacro-coccígea, a parte final da coluna vertebral. Quase sempre trata-se de um orifício que termina em fundo cego logo abaixo da pele e que não trás nenhum incomodo para o bebê. Como o aparecimento desse sinal está relacionado ao processo de fechamento da coluna, ele pode estar associado a má formações locais algumas das quais precisarão de tratamento cirúrgico para não comprometerem o desenvolvimento da criança. 

Quando esse orifício for único, sem outras alterações da pele adjacente, menor que 0,5 cm e esteja a menos de 2,5 cm do ânus, não é necessária qualquer investigação. Nos demais casos, o ideal é fazer precocemente uma ultrassonografia da coluna lombo-sacra que é um procedimento simples, não invasivo e que pode afastar outros problemas. Quando a ultrassonografia estiver alterada ou for duvidosa, está indicada a realização da ressonância nuclear magnética apesar do inconveniente da necessidade de anestesia geral. Como o raio-X de coluna só consegue identificar os casos com alterações grosseiras e a tomografia computadorizada expõe a criança a uma dose excessiva de radiação, estes não são exames recomendados rotineiramente. As crianças que apresentarem qualquer alteração nesses exames precisarão ser avaliadas pela neurocirurgia.

Como existem outras patologias que se manifestam como orifícios próximos ao ânus, o acompanhamento com o pediatra é fundamental para um diagnóstico correto para se evitar que o bebê tenha qualquer problema no futuro.

Qualquer duvida, fique a vontade para enviar sua pergunta. 

Referência

Wilson P, Hayes E, Barber A and Lohr J. Screening for Spinal Dysraphisms in Newborns With Sacral Dimples. Clin Pediatr (Phila) 2016 Oct;55(11):1064-70. doi: 10.1177/0009922816664061.