Quando levar as crianças ao PS em tempos de COVID-19?

Com o isolamento horizontal que estamos vivendo atualmente, existe uma orientação para que as crianças só sejam levadas ao PS em caso de real necessidade. Mas como saber se aquela queixa ou sinal que a criança apresenta precisa de avaliação de urgência ou não? Esta duvida certamente deve estar angustiando muitos pais.

            A causa mais frequente de avaliação em PS, na área de cirurgia pediátrica, é a dor abdominal que pode ser causada por várias patologias, dentre as quais, a apendicite aguda[1]. Os sintomas de apendicite são os mais variados possíveis, sendo a persistência de dor abdominal e o comprometimento do estado geral os mais frequentes, nem sempre estando associados à febre. Como a apendicite é uma doença que, quando não diagnosticada precocemente, pode acarretar em uma série de complicações, incluindo a morte, sempre que a criança mantiver a queixa de dor abdominal é necessária uma avaliação médica.

            Outro motivo frequente de avaliação no PS são as hérnias inguinais[2]. Estas normalmente se apresentam como um inchaço na região da virilha que desaparece espontaneamente, mas cuja persistência pode significar uma complicação da hérnia, denominada encarceramento. Nesses casos, a avaliação médica é novamente necessária, podendo até mesmo ser indicado uma cirurgia de urgência.

            Outra patologia que, embora simples, costuma preocupar os pais é a fimose. A fimose se caracteriza pela dificuldade em expor a glande do pênis, sendo bastante frequente nos primeiros três anos de vida e, normalmente, se resolvendo sozinha[3]. Em alguns casos, porém, pode ocorrer a inflamação da extremidade do prepúcio, a balanopostite, que incomoda bastante a criança e cujo aspecto assusta os pais. Esse quadro é de tratamento simples, mas, como as vezes é necessária a administração de antibióticos, também requer a avaliação de um médico.

            Por fim, temos as lesões decorrentes de acidentes que nas crianças geralmente acontecem dentro de casa e que portanto devem aumentar nesses tempos de quarentena. Os ferimentos corto-contusos, as queimaduras[4] e as intoxicações também são motivos de avaliação no PS.


Referências:

[1] Estado atual do diagnóstico e tratamento da apendicite aguda na criança: avaliação de 300 casos.

https://doi.org/10.1590/S0100-69912005000600005

[2] Hérnia inguinal na infância.

https://doi.org/10.1590/S0100-69912001000600010

[3] Tempo de observação e resolução espontânea de fimose primária em crianças.

https://doi.org/10.1590/0100-69912017005013

[4] Os Riscos do uso do álcool para as crianças no combate ao coronavírus.

https://criancasegua.org.br/noticia/riscos-alcool-criancas-combate-ao-coronavirus.

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