Meu filho(a) engoliu uma moeda, e agora?

A ingestão de corpo estranho é um acidente frequente em crianças menores que três anos e preocupa bastante os pais. Nunca é demais lembrar que nessa faixa etária é muito importante evitar que as crianças manipulem objetos pequenos, que com frequência acabam sendo levados à boca e podem ser engolidos, ou pior, podem ser aspirados obstruindo as vias aéreas superiores, o que pode ser fatal. 

A primeira coisa que os pais devem fazer, ao suspeitarem que seu filho(a) engoliu algum objeto, é verificar se ele(a) está respirando bem.  Caso percebam algum esforço para inspirar ou expirar, é preciso levar a criança o mais rápido possível para o pronto socorro. Mesmo que a criança esteja respirando bem, ela deve ser avaliada por um médico pois, dependendo do tipo de objeto e da posição do mesmo, ainda pode-se estar diante de uma situação de emergência.

Na maioria das vezes, a ingestão de corpo estranho não causa sintomas. Algumas crianças podem apresentar dificuldade para engolir (mesmo a saliva), dor torácica ou abdominal e vômitos. Para confirmar a ingestão e verificar a posição dos objetos metálicos, o raio x simples de tórax e abdômen é suficiente. Já no caso dos objetos de plástico, vidro ou madeira, pode ser necessária a realização de exames com contraste, tomografia ou ressonância magnética. 

É a localização do corpo estranho que determinará como a criança será tratada. Quando ele estiver no esôfago, será necessária a realização de endoscopia para retirá-lo, o que deverá ser feito o mais rápido possível no caso das baterias tipo botão que podem causar lesão em questão de minutos. Quando o objeto  estiver no estômago, a endoscopia está indicada apenas para os objetos grandes e não precisará ser feita de emergência devendo a criança ser mantida em jejum até a realização do procedimento.  Se em função do tempo de ingestão e da imagem no raio  x, parecer que o objeto não está mais no estômago, a conduta será expectante.

Os pais devem ser orientados para observarem se a criança apresenta alguma dificuldade para se alimentar ou se tem dor abdominal e examinarem com cuidado as fezes do seu filho(a) até identificarem a eliminação do objeto. Caso a criança apresente alguma queixa ou não elimine o objeto em uma semana, ela deverá retornar ao PS para repetir o raio x para que se possa acompanhar a trajetória do corpo estranho.

As moedas são os objetos mais frequentemente engolidos e normalmente acabam sendo eliminadas sem problemas bem como os objetos que apresentam ponta(s). Já as baterias e os imãs precisam ser acompanhados com muito cuidado pelo risco de lesões graves que podem causar. 

Não existe tempo máximo para que a eliminação do corpo estranho ocorra, nem a necessidade do uso de laxantes ou lavagem intestinal. Nos casos em que não se notar uma progressão nítida do objeto pelo trato gastrointestinal, pode ser necessária a realização de cirurgia para a retirada do mesmo. 

Espero ter esclarecido algumas dúvidas sobre o assunto. Se quiser, deixe sua pergunta e procurarei  responde-la.  

Referência

Management of ingested foreign bodies in children: a clinical report of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition Endoscopy Committee. DOI: 10.1097/MPG.0000000000000729 

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